Guera entre concessionárias e revendas independentes de carros usados.


Nos últimos anos, a venda de carros usados se tornou um foco essencial para as concessionárias automobilísticas. Devido à margem de lucro reduzida na venda de carros novos, especialmente nos modelos de entrada, as concessionárias estão explorando cada vez mais oportunidades alternativas para garantir sua presença no mercado. Esse movimento tem intensificado a competição entre as concessionárias e as revendedoras independentes.

Há cerca de três anos, as concessionárias detinham uma fatia modesta, representando apenas 5% do mercado de carros usados, enquanto as revendedoras independentes controlavam 70%. Hoje, as concessionárias conquistaram uma participação de 20%, enquanto as revendedoras independentes mantêm 55%. O restante do mercado é preenchido por negociações informais.

A atração dos carros usados para as concessionárias reside na margem de lucro que eles podem oferecer. Embora a venda de veículos novos seja a atividade principal das concessionárias, a maior parte dos lucros vai para as montadoras. Isso ocorre devido à necessidade de conceder descontos e taxas especiais para manter a competitividade, o que reduz ainda mais o retorno financeiro. Portanto, a estratégia das concessionárias é valorizar os carros usados, seja na troca por um veículo novo ou na revenda para outros clientes. Esse enfoque proporciona às concessionárias margens de lucro mais atrativas, enquanto os consumidores desfrutam da segurança dos veículos usados e de condições especiais de compra.

De acordo com o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos do Estado de São Paulo (Assovesp), George Assad Chahad, a concorrência com as grandes redes de concessionárias não é predatória, mas afeta as revendedoras independentes devido às vantagens que as concessionárias têm em termos de troca de carros usados por novos e as facilidades oferecidas pelos bancos das montadoras. No entanto, Chahad observa que os principais concorrentes do setor são o mercado informal, as feiras e os leilões, que operam em desigualdade de condições.

A diversificação é uma estratégia essencial para enfrentar esse mercado em evolução. Segundo Sérgio Reze, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as concessionárias devem assumir com mais determinação o mercado de carros usados, uma vez que esse segmento é três vezes maior que o de carros novos. Reze enfatiza que, enquanto as montadoras buscam alternativas energéticas, as concessionárias devem explorar oportunidades de negócios alternativos.

Um exemplo notável desse enfoque é o grupo Chevrolet Viamar, na Grande São Paulo, que se tornou especialista na triagem de veículos usados que são utilizados como parte do pagamento na compra de carros novos. Esse negócio representa cerca de 20% do faturamento bruto do grupo. A venda de carros usados desempenha um papel fundamental na sobrevivência das concessionárias no mercado, uma vez que a maioria das negociações de carros novos envolve a troca do carro usado. Portanto, maximizar o valor dessas trocas é uma estratégia inteligente para as concessionárias, garantindo que apenas os carros em bom estado permaneçam em seus estoques.

Esse redirecionamento das concessionárias para o mercado de carros usados demonstra a busca por oportunidades lucrativas e a adaptação às mudanças do mercado automobilístico.

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