Land Rover vai aposentar Defender para iniciar era da 'lama 2.0'


Desde a aquisição pelos indianos da Tata Motors, em 2008, a coalizão Jaguar Land Rover foi obrigada a acelerar o ritmo rumo à atualização, algo quase herético para os defensores da tradição e honraria ingleses, que consideravam os carros e jipões das duas marcas intocáveis como integrantes da família real. Primeiro foi o Evoque, lançado há um mês para ser o primeiro veículo com motor 2.0 da divisão de luxuosos da Range Rover. Agora, a sanha renovadora ousa ao máximo (alguns dirão que terá passado perigosamente dos limites): vão aposentar o Defender.

Os estandes da Land Rover e da Jaguar, posicionados lado a lado no Pavilhão 5 do Salão de Frankfurt, converteram-se em oráculo. Ali foi dito e mostrado que a era Defender, iniciada em 1948 com o patriarcal Série 1 (um jipe feito para servir o exército e a família real ao melhor estilo pós-Guerra), vai acabar em 2015.

Os responsáveis por colocar ponto final a mais 60 anos de história são dois conceitos: o DC100 e o DC100 Sport. O primeiro é um SUV compacto dotado de rodas grandes, linhas robustas e contrastantes olhos de animalzinho carente formados pelos faróis de LED; o segundo é a versão conversível do primeiro modelo, com lataria amarela e jeito de picape. Ambos servem de estudo para o novo utilitário parrudo da marca a ser lançado em até quatro anos para assumir o lugar do atual Defender.

Segundo os executivos e engenheiros da marca, adaptação é a chave da sobrevivência. As agora futuras "viúvas" do Defender vão dizer que não há utilitário mais adaptável a encrencas e caminhos tortuosos do que ele, o que é fato: bastava mirar o obstáculo, analisar o terreno, engatar a reduzida e deixar o jipão bronco fazer o resto, muitas vezes sem precisar sequer pisar no acelerador. Lamaçais, facões, rios, depressões... o Defender sempre encarou de tudo e se deu bem. Era tão versátil frente ao obstáculos que muitos diziam só faltar trepar em árvores. Só nunca teve jogo de cintura e/ou equipamentos para tratar bem a seus ocupantes (até achar a melhor posição de dirigir é complicado a bordo dele) e, rústico, nunca soube como conquistar a nova geração.

A Land Rover promete que o sucessor vai manter toda a habilidade do Defender para o dia a dia lameiro, mas com o toque necessário de conforto: o DC100 terá motores a diesel e gasolina com sistema start/stop, tração integral, câmbio de oito marchas e caixa de reduzida. Diferente do modelo atual, porém, a tecnologia agregada também será de ponta: as opções de versões híbridas contarão com propulsores elétricos com carregamento por indução (por meio de ondas eletromagnéticas, sem a necessidade de plugar uma tomada), os pneus especiais terão banda de cravos acionável ao toque de um botão, o sistema Terrain-i poderá rastrear o terreno à procura de obstáculos, enquanto um sonar poderá medir a profundidade do trecho alagado à frente.

Além disso, a Land Rover promete conectividade total dentro ou fora do DC100: seu painel de instrumentos é, de fato, um tablet sempre conectado e que pode ser utilizado junto ao carro para traçar as melhores rotas, receber e enviar informações ou ser destacado e servir como ferramenta de trabalho pessoal para o motorista ou ocupante.

Fica apenas a dúvida: lama e tela touch screen combinam?

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